Título: Charlotte-peixe-borboleta
Autor: KALIL, Pedro
Gênero: Dramaturgia
Editora: Relicário
Páginas: 48
Ano: 2016
Onde Comprar: Editora Relicário
Agradecemos profundamente a Relicário Edições por nos enviar o livro Charlotte-peixe-borboleta, e por acreditar em nosso trabalho!
"O hífen une e separa, une porque separa, aproxima porque distingue; nem identidade completa, nem total separação, mas um laço, forte e fraco. Eu sou isso que não sou, parece dizer Charlotte, eu sou essa distância de mim para mim mesma. “A gente”, ela diz, “não é só a gente”. Charlotte é forte e fraca, ou antes, tem como personagem uma espécie de força fraca. Nem é, talvez, propriamente personagem, já que não se delineia de todo. É uma voz, única (a peça é um monólogo), mas múltipla (porque muitas vidas aí se insinuam, ou, antes, porque aí se insinua o que há de múltiplo em uma única vida). 'A gente não é só a gente'".
ENREDO
Peixes que não são apenas peixes. Peixes que são peixes e outros animais ou objetos. Peixe-palhaço, tubarão-martelo, peixe-borboleta, Charlotte-peixe-borboleta.
Charlotte não é apenas ela. Charlotte é medo e coragem, é ir e vir. Charlotte é frio e calor, é passado e futuro. Charlotte é ela própria e todos nós, a plateia da vida que a assiste. Ninguém é ele mesmo. Todo mundo é isso e aquilo, vice e versa, sinônimo e antônimo. Eu sou eu e sou você. Todos somos um, e ninguém é ninguém.
Essa é a essência da protagonista e única personagem do livro. Ela sabe e não sabe o que é, entende e não entende. Como todos nós, que sabemos de nós mas ao mesmo tempo, em algum momento não nos reconhecemos no espelho.
E essa é a essência da vida e dos personagens que nela atuam. A própria vida é e não é. Existe num momento e no outro se esvai escapando dos dedos do próprio dono.
OPINIÃO
Charlotte-peixe-borboleta foi o primeiro livro de dramaturgia que li. Ele foi escrito primeiramente para ser exibido e transformado em peça de teatro, e depois virou livro. E eu tanto gostei quanto me identifiquei bastante com as belas palavras escritas em suas poucas porém arrebatadoras 48 páginas.
Ele define bem o ponto de interrogação que somos nós e a vida que levamos. A personagem Charlotte conta sobre ela e acaba também contando sobre nós.
E esta é a parte crucial de uma bela e inesquecível leitura. A identificação com o que estamos lendo nos marca fortemente.
Além de ser um livro pequeno de apenas 10 centímetros, é maravilhoso de se ver o quanto cabe em 48 páginas tão pequeninas, mas que acabam se tornando grandiosas pelo seu conteúdo.
Parabenizo o autor pelo livro maravilhoso e a Editora Relicário, pela obra de arte que é este livro, suas páginas e sua capa maravilhosa.
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