Título: Pesadelos Infaustos
Autor: TORRES, Breno
Gênero: Ficção
Editora: Arwen
Páginas: 194
Ano: 2017
Onde Comprar: Arwen Books | Amazon (E-book) | Cultura (E-book)
O bem sempre triunfa sobre o mal. Não é o que revela o livro do autor Breno Torres, que nos concedeu em parceria com o Blog Compre Pela Capa, e desde já, agradecemos muito!
ENREDO
A obra trevosa nos traz dez contos, não interligados, carregados de medo, horror, crendices, desejos, típico de um livro acabado de sair de uma pessoa de coração e alma (se possuir) muito obscuros (sorry, Breno).
O livro remete a um assunto que fascina muito os leitores: contos assustadores, aqueles que mexem psicologicamente, perturbando, mas que não conseguimos lidar com a curiosidade de saber. Podemos até nos arrepender, porém lemos até a última letra.
O mundo da ficção/fantasia fora totalmente explorada, tratando de personagem ligados à devoção ao satanismo e a possessão, lobisomem, vampiros, elfos, anjos e até fadas. Há então abordagem enorme do folclore de diversos países/culturas. Uma forte crítica a religião e a crença é imposta no livro, já que várias vezes o divino e o profano são chocados, a fim de cada um provar seu valor e assim dar o desfecho a história. Quando feito uma alusão ao bem imperar sobre o mal na frase de efeito, tem todo um sentido, sendo que o livro fala sobre uma satisfação diferente do habitual, onde o bem e o mal são um ponto de vista do personagem: Por que não se pode ser feliz quando o mal vence? A felicidade não está ligada ao bem prevalecer, mas a quem que deseja algo, se concretize, doa a quem dor. Neste caso, por ser um livro que aborda o terror, o mal está em vantagem. Além do mais, em sintonia com todos esses elementos já citados, o autor traz o erotismo ao livro, explorando bastante os desejos, as necessidades e a sexologia, e digo por sexologia a abrangência da não preferência por gênero, mas àquilo que o personagem necessita, sem julgamentos.
Dentre os dez, gostaria de citar três que creio se destacarem: O Malefício da Bruxa, que narra a história de Agnes, antes uma menina criada por um bispo, mas agora uma bruxa, sedenta por poder, que recorre ao velho conhecido religioso para através de um ritual, conseguir um dom profano. Neste contexto, um local sagrado será sede do acontecimento e o próprio bispo quem o fará, obrigado por uma promessa que fez a jovem anos atrás. Muito está em risco, mas a cegueira e fanatismo ao poder não impede que Agnes corra atrás de seus objetivos. O segundo, Bolero de Sangue, conta a história de Upir, um vampiro que escolhe e hospeda o corpo das pessoas por um determinado tempo a fim de aproveitar sua vida mundana. Em uma de suas noites boêmias, ele sai a caça de suas presas, para dar seus "beijos" mortais, e em uma boate sem pudor, que exalava luxúria, conhece Enzo, um rapaz que encanta seu olhos, a recíproca é verdade, e os dois se envolvem. Upir percebe que sente algo diferente pelo belo rapaz, talvez amor, não o que conhecemos, mas ainda sim um sentimento de apego e quer tê-lo para si eternamente. Por último, Um Conto das Fadas ou Meninos e Fadas Não Choram, que destoa um pouco dos anteriores, mas a obscuridade é trabalhava de outra forma, se passa na noite de Natal, onde uma fada, Lunafair, uma das responsáveis pela neve, se vê a beira da morte quando vampiros (que sobrevivem de sangue de fadas) a cercam e matam sua amiga Lorran. Uma ira brota de dentro do ser alado, que busca vingança. Tomada a decisão, corre atrás dos então assassinos, porém percebe que tomou a decisão errada e que corre ainda risco de vida. Em paralelo com esses fatos, um garoto, Séamas ainda não havia dormido, para procurar os presentes de Natal escondido de seus pais, pois não aguentaria de curiosidade até que amanhecesse. Neste momento que o garoto banca o explorador é quando se encontra com Lunafair e ambos concluem que tem uma missão: derrotar os vampiros.
OPINIÃO
Primeiramente gostaria de agradecer ao autor por este livro: foi muito bem escrito para uma pessoa com pouca idade, mas com um repertório de palavras tremendo. Eu que leio muito, tive que começar a ler com muita cautela, para tentar compreender exatamente o que estava sendo transmitido. Logo de início, tive que em alguns momentos recorrer ao amigo Google e pesquisar, mas depois, pela fluidez do texto, fiquei tão apegado ao estilo de escrita, que já não mais precisei. O que me encanta mais na leitura é que a cada livro que devoro de um autor novo, percebo que a escrita é um toque especial pessoal, portanto sem ler o nome do autor na capa, consigo identificá-lo pela linguagem, e isso o Breno fez com maestria. O livro é tão minucioso em descrições, tanto de sentimento, quanto de ações e do espaço físico, que horas tive impressão de estar em mais de um ângulo na história. Creio que ter desmistificado que o bem sempre vence, foi o diferencial do livro, faz com que entendamos que a felicidade é um ponto de vista, mas não necessita estar ligada a uma coisa boa, e que a variável é objetivo de quem a pratica. Explorar o folclore de várias culturas foi muito inteligente, pois as histórias de boca a boca sempre mudam de região para região, de geração para geração, portanto fica livre a interpretação. Para finalizar meu ponto de vista, ele como um bom paraense, não podia deixar de fora suas raízes e fechou com chave de ouro o livro, com o conto sobre a Mãe D'água.
A Editora Arwen fez um ótimo trabalho gráfico, com uma capa obscura como deveria ser mesmo, com uma qualidade impecável, o verniz da um ar mais sofisticado a "cara" do livro. As folhas pretas que iniciam cada conto deixa o livro muito interessante, pois a cada capítulo que começamos e vemos a tarja preta na lateral, sabemos que outros virão logo logo, o que nos faz ler vorazmente para iniciar o próximo. A tipografia do título dos contos, bem como a do corpo do livro, condizem com o tema e tem ótima legibilidade e leiturabilidade. O trecho de músicas e passagem de livros antes dos capítulos, nos aproxima ainda mais do autor, pois demonstra a vibe que ele estava, bem como a inspiração do texto que virá.
Como dito anteriormente, já me rendi aos contos, e a cada livro que leio, me surpreendo mais. Felizmente estou conhecendo cada mais a capacidade da literatura nacional e super valorizo isso! Recomendadíssimo!