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SELVAGERIA EM ASSIM NA TERRA COMO EMBAIXO DA TERRA, DE ANA PAULA MAIA

Atualizado: 3 de mai. de 2020



Título: Assim na Terra Como Embaixo da Terra

Autor: MAIA, Ana Paula

Gênero: Suspense

Editora: Record

Páginas: 144

Ano: 2017

Onde Comprar: Amazon | Saraiva

Iniciamos, sem muito dizer, o nosso lindo thriller com o seguinte trecho:

"O confinamento de homens assemelha-se a um curral de animais. O gado é abatido para se transformar em alimento; os homens por sua vez, são abatidos para deixarem de existir [...]"

Este livro foi concedido pela autora Ana Paula Maia através da parceria com o Blog Compre Pela Capa, e desde já, agradecemos.

ENREDO

Localizada num local isolado e remoto, uma penitenciária é o cenário do nosso romance. Conhecida como Colônia, a prisão recebe e abriga detentos que são retirados da sociedade definitivamente, já que ninguém jamais ouvira histórias sobre fugitivos ou absolvições relacionados ao local em questão, sendo uma espécie de arquivamento.

A história começa se desenvolver a partir do momento em que a prisão é notificada de que será desativada e que para tal fato, um oficial de justiça visitará o recluso lugar a fim de transferir para outras unidades, os detentos.

Em condições subumanas, quatro prisioneiros, Bronco Gil, nosso personagem principal, acompanhado de seus colegas, Valdênio, Pablo e Jota, "vivem" na Colônia, juntos ao carcereiro Taborda e o responsável pelo local, Melquíades. Cada criminoso desempenha uma função lá dentro, designado pelo gosto sádico de Melquíades, que inclusive adora caça e possui um arsenal em seu escritório.

Esperança e desespero são sentimentos que invadem os detentos, que foram 42 quando receberam o comunicado. A Colônia está construída num terreno que é conhecido por ter sido uma fazenda com muitos escravos, cujos foram assassinados e lá jaziam, em outras palavras, é uma terra amaldiçoada. O isolamento somado a este fato, trouxe a tona sentimentos psicopáticos, insanos e selvagens, principalmente a Melquíades, que fez da angústia dos presidiários por uma chance de liberdade, um hobbie: caça humana!

Por serem os últimos "alvos" na Colônia e pela demora da visita do oficial, todos ficaram aterrorizados, até mesmo Taborda, que percebe o transtorno de seu chefe e tem dúvidas sobre sua sobrevivência.

O quarteto restante ficavam horas a fio desenvolvendo planos de fuga, que deveriam ser calculados corretamente, já que o que impedia a fuga dos indivíduos era uma tornozeleira que segundo orientação, ao passar pelo perímetro da penitenciária, explodiria em trinta segundos. A caçada de Melquíades funcionava sob as seguintes regras: dois presos eram escolhidos ao acaso e a tornozeleira lhes era retirada e tinham uma vantagem de tempo para correr, após finalizado o tempo, o psicopata saía em sua procura mortal, com uma ressalva que o mesmo tinha um ótima mira e enxergava melhor a noite por conta de seu daltonismo, o que resultava em não sobreviventes. Na última noite de caçada, após a eficácia da fuga de um detento, a situação sai do controle e em paralelo, o oficial de justiça chega à Colônia e se inicia uma luta pela sobrevivência, com um assassino descontrolado a solta.

OPINIÃO

É um romance vestido de thriller que tira o fôlego da primeira a última página. A autora utilizou de um enredo pesado, unindo dois ambientes desumanos: a cadeia e a fazenda escravocrata, como uma forma de protesto ao tratamento do ser humano para com seu igual, e até onde chega a maldade e o descontrole psicológico de uma pessoa. Com certeza qualquer pessoa vê um detento com olhos desconfiados, pois certamente tem alguma ligação com um fato errado perante a justiça que o colocou lá. Por si, essa já é uma punição. O que a obra faz é mostrar que embora as pessoas tenham motivo para estarem nesta penitenciária, o sofrimento é estendido através da esperança a liberdade, unida ao medo da única chance falhar e virarem apenas mais um cadáver enterrado naquele terreno. O javali, simbolo em destaque na capa do livro, é um personagem sempre trazido a tona no enredo, em uma analogia e também fisicamente, ora sendo a caça, ora o caçador. Neste caso, a Ana Paula faz uma brincadeira com o animal, já que no inicio da trama, Melquíades pede que lhe tragam um javali, para fins decorativos, e durante a caçada é demonstrada a força e destreza do animal pela sobrevivência, e em alguns momentos do livro, essas habilidades do javali são comparadas as dos personagens, principalmente a do próprio Melquíades. Na resenha não quis citar muito o personagem principal Bronco Gil como gancho para a história, porque gostaria de deixar ela mais focada na trama, até mesmo porque o livro está dividido em fragmentos, contando a história em tempo real e ao mesmo tempo, fatos ocorridos na vida de Bronco. O que me deixou perturbado (ainda mais, mas num bom sentido) é a história se passar em lugar nenhum e ainda assim, terminar e não revelá-lo. O quesito do local ser amaldiçoado também sugere estar ligado a crendices e superstições. E além do mais, tem uma linguagem intensa e bem escrita.

A autora demonstrou não ter medo de expor a desprezo do humano pela vida alheia, e fazendo uma ressalva ao título e ao fragmento no início da resenha, Assim na Terra como Embaixo da Terra se refere a pessoa física, carne, osso, que no contexto, não fazia diferença nenhuma ao olhos de quem comandou naquele local, pois no fim das contas as pessoas eram descartáveis e só tinham um propósito: parar em uma vala, enterrada, para que a terra as engolisse e assim, deixassem de existir e não fossem lembradas.

Graficamente falando, a capa é maravilhosa e nem consigo imaginar como seria uma outra capa, senão essa, que descreve perfeitamente a proposta do livro. A escrita da capa é em alto relevo e dá a ideia de ter sido escrita por caneta hidrográfica diretamente. A tipografia do corpo do livro tem ótima legibilidade e leiturabilidade. Parabéns a Editora Record.

Se você, assim como eu, quer suar frio e ficar angustiado até a última página, recomendo!

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