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Foto do escritorCOMPRE PELA CAPA

A LOUCURA COMO PROTAGONISTA EM "TARÂNTULA", LIVRO QUE DEU ORIGEM AO FILME "A PELE QUE

Atualizado: 4 de mai. de 2020


Título: Tarântula

Autor: JONQUET, Thierry

Gênero: Romance

Editora: Record

Páginas: 160

Edição da Foto: 2011

Ano de Publicação: 1984

Onde Comprar: Submarino

Com título e personagens enigmáticos, este livro foi escrito de forma super inteligente para entreter o leitor. Não se trata de aranhas propriamente ditas, o título é só uma metáfora dentro da história, como explicado mais a frente. Trata-se do livro que inspirou o diretor de cinema Pedro Almodóvar a realizar uma de suas obras primas: "A Pele que habito".

Filme este que te prende do começo ao fim, com sua trama cheia de mistério e sentimento de vingança. Se você já assistiu, precisa ler a este livro.

Cena do filme "A Pele que habito", de 2011.

Tenho que ressaltar que este é o meu filme preferido, o filme que indiquei para todos os meus amigos, pois o achei genial. Já o livro, apesar de ser um pouco diferente, me agradou igualmente. Ele é curto, possuindo apenas 160 páginas, dá pra ser lido em um único dia, como eu fiz. Achei a capa comum, nada de excepcional, mas retrata bem o enredo do livro.

ENREDO

A trama nos apresenta Richard Lafargue, Ève, Alex e Vincent. E é sob as perspectivas dos mesmos que o desenrolar da história é mostrado, alternando entre presente e passado.

Richard Lafargue é um médico cirurgião plástico que mora numa enorme mansão mas é extremamente solitário e possui um passado amargo. Perdeu a ex-esposa num acidente de avião e sua filha está internada em um hospital psiquiátrico. As únicas companhias que possui são Ève, sua atual mulher, Leni, sua empregada e Roger, seu motorista.

Ève, a mulher misteriosa de Lafargue, vive trancafiada pelo mesmo num apartamento dentro da mansão, gosta de pintar quadros e de tocar piano, especialmente a música que Richard mais odeia, "The Man I Love". Ela o acompanha em festas, nas visitas para Viviane - filha de Richard - e também é prostituída por ele, mantendo relações sexuais com outros homens. Ela se acomodou a viver da forma que Richard a impôs, perdendo totalmente sua identidade.

Os dois parecem se odiar, sempre agindo de modo que faça o outro sofrer, porém no decorrer da trama, esta relação muda.

Alex é um caipira, fugitivo da polícia que matou um policial numa tentativa mal sucedida de assalto à mão armada em um banco na França. Vivendo escondido da polícia, e machucado em decorrência do tiro que levou na perna, sente-se sozinho, especialmente porque seu único amigo, Vincent, desapareceu a 4 anos.

Vincent é um jovem de 20 anos, muito bonito e conquistador. Foi perseguido durante um trajeto de moto, capturado e feito refém de um homem misterioso, o qual ele chama de "Tarântula", seu amo, a aranha que o fez seu inseto, preso por 4 anos em sua teia horrenda e visceral.

"Mentalmente, você dera um nome ao seu amo. Não se atrevia a usá-lo em sua presença, naturalmente. Chamava-o de 'Tarântula', em alusão a seus terrores passados. Tarântula, um nome de ressonância feminina, um nome de animal repugnante que não combinava com o sexo dele nem com a extrema sofisticação de que ele dava mostra na escolha de seus presentes..."

No início Vincent passou sede e fome, foi deixado nu em meio às suas fezes e urina, no porão de Tarântula. Com o passar do tempo o tratamento melhorou, e os dois criaram um tipo estranho de relação. O que era pra ser um ato cruel de vingança se tornou algo muito maior e imprevisível.

OPINIÃO

Acredito que Vincent, na solidão e terror que se encontrava, apresentava indícios da Síndrome de Estocolmo - "estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor."

"A esperança voltara, insidiosamente: o amo zelava por você..."

Um detalhe interessante é que os pensamentos de Vincent são narrados em primeira pessoa, para podermos nos colocar em seu lugar, diante das atrocidades sofridas.

"Tarântula" é uma história sobre vingança, solidão, consciência e moral. Não possuindo mocinhos em seu enredo, trata fielmente o interior do ser humano, sobre o que é aceitável ou não em um ato cruel de desespero. Pra quem gosta de mistérios e reviravoltas, é um prato cheio.

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